Amanhã, 30 de Junho, inaugura a exposição do Projecto Drop-D, de que já falei em post anterior, e onde fui gentilmente convidado a participar.
As três imagens que terei expostas são sobre a Dança Barong de Bali e foram feitas numa viagem à Indonésia, em 2011.
A Dança Barong é, porventura, a mais conhecida das danças-narrativas balinesas, evocando a eterna luta enre o Bem e o Mal e juntando dimensões históricas e mitológicas na mesma realidade. Tem, assim, várias versões e variantes em que é representada.
Em resumo, Rangda (o Mal) encarna o espírito de Calonarang, uma rainha-demónio mítica, condenada pela prática de magia negra. Rangda era mãe de Erlangga, Rei de Bali no século X.
Rangda reina sobre todos os espíritos maléficos e todos os demónios da selva e, segundo uma das versões, matou o próprio marido só por lhe ter apontado os dedos esticados da mão esquerda. Agora viúva, reuniu todas as forças da magia negra para combater o próprio filho, o Rei Erlangga
Erlangga, em grandes dificuldades perante as forças do Mal, pede a ajuda de Barong, uma criatura-leão que comanda os espíritos bons e as forças do Bem.
Barong luta com Rangda, o Bem contra o Mal, mas os poderes de ambos equivalem-se.
Barong reune um exército de soldados de Erlangga para a batalha. Os soldados têm como arma uma adaga de lâmina ondulada, afiada e envenenada, a kris (tambem dita, keris).
Rangda, a bruxa negra, lança um feitiço poderoso que faz com que os soldados de Erlangga tenham a tentação de virar as suas kris contra o próprio peito, suicidando-se. É a vez de Barong e das forças do Bem entrarem em cena com um contra-feitiço, tornando o corpo dos soldados resistentes às afiadas kris.
Barong vence, Rangda foge e o Bem triunfa sobre o Mal, restabelecendo a ordem.
Os balineses continuam até hoje a ter um respeito profundo pela dança Barong e acreditam que um dançarino-soldado de espírito fraco corre sérios riscos de não resistir ao feitço de Rangda, mesmo protegido por Barong. Se isso acontecer, acaba por se ferir com a sua própria kris.
Por outro lado, as máscaras usadas por Barong e Rangda na dança são consideradas sagradas. Antes de cada performance, as máscaras são benzidas com água santa do Monte Agung e são feitas oferendas.
Para a exposição, optei por subverter um pouco a mensagem e apresento três fotografia de um personagem colorido, histriónico e travesso, o anão. Não sendo um papel principal, no fundo é quase um separador entre cenas, atravessa toda a peça entre o utilitário (responsável pelo fogo, por exemplo) e o intrometido, importunando os personagens principais.
As restantes imagens podem ser vistas no site principal, na página “Olhar Outros Olhares” do “Baú de Memórias”, divididas em três galerias: A Dança, Backstage e Os Músicos.